quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Centro da cidade.


               Algumas pessoas são cativantes, outras trazem no olhar a amargura de um dia cansativo, de brigas familiares e até mesmo uma cara de espanto pois recebeu uma notícia boa ou até mesmo uma notícia ruim. Engraçado, como em um ambiente lotado cada olhar representa uma sensação, cada olhar representa a alma e sua bagagem.
              Além dos olhares, também podemos observar alguns atos que nos surpreende como por exemplo duas senhoras caminhando lentamente sobre uma avenida movimenta, onde o semáforo acusava verde mas nenhum carro se movimentava apenas por respeito as duas senhoras. Não houve gritos, não houve xingamentos em momento algum e por alguns segundos acreditei novamente na sociedade e na sua capacidade de gerar algum amor ao próximo. 
              Outra cena que gostaria de compartilhar foi que estava em um transporte público vulgo ônibus e havia uma senhora de meia idade que estava preste a descer, porém seus passos eram dados com muita dificuldade, ou melhor, não havia passos. Suas pernas rastejavam junto com seu corpo e aposto que o que doía não era a perna machucada mas sim os olhares julgadores, afinal ao mesmo tempo que a sociedade parece salva, a mesma parece o pior castigo de muitas pessoas. O que me comoveu nesta cena não foi o fato da crueldade do mundo estar explicita mas sim que o motorista do ônibus fez exatamente tudo que estava em seu alcance para aquela mulher que talvez era apenas uma desconhecida, se sentir a vontade em meio a sociedade, ou seja, ele estacionou o mais próximo da calçada que pode e assim a mulher pode descer tranquilamente como se demonstrasse para a sociedade que o seu problema jamais a faria desistir de lutar. 
              Tudo isso, foram apenas partes do que encontramos no mundo mas no mundo real, onde as pessoas são cruéis, onde a realidade dói mas acima de tudo nos ensina. Recordo-me de uma frase incrível: "Quem é rico na verdade é pobre e quem é pobre na verdade é rico e quando entender isso, será humilde." 
              A humildade está presente no coração mas acima de tudo como você repassa isso para o mundo, hoje percebo que a maior humildade estava em um indigente sentado em uma calçada de um hotel cinco estrelas, escrevendo algo que talvez ele não sabia o que era mas que de um certo modo fazia todo e completo sentido para aquele senhor. Outra parte da humildade também estava em outro morador de rua que pediu calma ao seu amigo lhe dizendo: relaxa irmão, somos todos iguais. Ambos podem não ter nada, mas no fundo são os verdadeiros ricos pois carregam consigo sua dignidade e não o dinheiro sujo.

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